sexta-feira, agosto 17, 2007

.depois do primeiro sorriso o dia fica mais fácil.

quinta-feira, agosto 09, 2007


quarta-feira, agosto 08, 2007


ATÉ JÁ
de Benoit Jacquot - de quarta a domingo - às 19h30
De 8 a 12 de agosto - 2ª SEMANA - ENTRADA FRANCA
- CINE LÍBERO LUXARDO

SINOPSE
Com Isild Le Besco
Dir. e roteiro:Benoit Jacquot. Drama. 98 minutos. França. 2004

Após ouvir um breve “até já” do namorado, ela desliga o telefone. Mesmo sem entender racionalmente tudo que se passa, ela sabe que o seu amante cometeu um assalto envolvendo morte. Estamos nos anos 70, ela tem apenas 19 anos e, como num sonho acordado mergulha de cabeça numa geografia fugitiva - da Espanha para o Marrocos e para a Grécia - passando de uma vida de garota normal para a vida que ela escolheu, com suas delícias e conseqüências.

p.s: IMPERDÍVEL!

terça-feira, agosto 07, 2007

[McKean]

sábado, agosto 04, 2007

.domingos.

Domingo de manhã a cidade não acorda cedo. Em período de férias escolares então, o domingo quase nem acorda. A cidade está vazia. Até para os poucos urbanóides quando a cidade está vazia, fica-se um pouco vazio também. As ruas desertas, o comércio quieto, as festas solitárias, o centro histórico ermo.
Pelo enquadramento quadrado da janela do ônibus quase ela não via pessoas, deu bom dia ao cobrador e ao motorista. Rezou pra não ser assaltada, ela não reza. O amarelado vai despertando pouco a pouco as folhagens dos corredores de mangueira. Após algum tempo mais umas pessoas subiram. Duas moças vestidas de preto com maquiagem suada e um rapaz, também com as vestimentas com ausência de cor, acompanhado de um violão. Alice vestia todas as cores, branco. As moças sentaram no banco ao lado do meu e o rapaz logo atrás delas.
Mais adiante subiu um senhor cheirando a cachaça com um gato branco no colo. Nas paradas seguintes até a praia urbana mais próxima subiu dois rapazes de boné e uma moça com uma calça jeans apertada com uma blusa bem acima do umbigo.
No meio do caminho os de preto catarolaram algumas músicas classificadas segundo Knjintoma (2006) et al de música quase gótica, pós-punk, antes do tal super-hype ou muito menos emo. Era das antigas, daquelas bandas da época de nossos pais ou do ano que nascemos. Cantarolei mentalmente alguns versos.
Ao chegar na praia desci no mesmo local que os quase góticos. Meus óculos escuros eram roxos. Os deles eram pretos, claro. Pararam embaixo de uma grande árvore pra continuar as músicas. Alice os seguiu. Sem dizer uma palavra sentou-se junto a eles.
Say good-bye in a night like this...it comes deep....and the smile, and the shake of your hands. Alice apenas sorria, olhava pra praia de rio, essas que só tem aqui na Amazônia e pensava o quanto gostava dessa banda, o quanto as vezes esquece que gosta dessa banda, o quanto o som faz ela flutuar, feliz e triste, preto e branco ao mesmo tempo. Aquela música ao fundo se confundia com o bregão do bar do Nelson que tocava na primeira ponta de areia da praia.
Pausa após essa música. Alice continuava olhando pro horizonte barrento, incerto, determinável facilmente do céu azul. Ficou por muito tempo parada, breada naquele calor. Punk que é punk não gosta de praia, lembra que já ouviu de alguns. Humrum – pensou ela. Grande merda, continuou pensando,qual a relação entre música e comportamentos que se deve ter? quer dizer que rock tem que ser de lugares frios introspectivos? Pessoas que gostam de sol, mar, céu azul também são capazes de sentir a “profundidade” de letras feitas em países lá de cima do globo, mesmo que essas pessoas sejam prudentes e não vistam preto com manga comprida e jeans escuros e maquiagem pesada nesses locais. Hummm – ainda pensou com ela mesma.
Ainda andou pela praia, adorava caminhar. Olhava as areias, a granulometria. Sabia que tem bichinhos minúsculos que moram nessas areias? Imagina, ter sua casa pisoteada e retrabalhada a cada pisada, a cada maré e a cada vento. Não, é bem diferente de caracol, que tem a casa na costa. Bem diferente. Falava com ela mesma, ou com a pessoa do nome duplo que ela não tinha. Era só Alice. Alice. Ali se via tudo por entre as areias. Apenas caminhando sobre elas. Ela lembra de alguns livros que leu, de escritores de lugares frios. É engraçado quando autores citam autores. Fica como uma grande dissertação, tese acadêmica, onde se pauta tudo em idéias anteriores, trabalhos do estado da arte, pra depois escrever a parte do próprio autor. Mas em um livro, quando o autor deixa de ser os fragmentos que ele leu, pra escrever, sangrar, dele mesmo?
Mas hoje é domingo! Dia monótono pra alguns, dia de praia pra outros, dia de ressaca pra muitos, dia de samba, swinge, cerveja pra tantos, dia de reggae pra dançar, dia de churrasco e farofa pra quem gosta.
Alice passeou pela praia e ouviu músicas que gostava, e viu a areia com granulometria média a grossa, e olhou o horizonte. Alice é várias, Alice não tem fim, Alice não sabe como terminar sua semana, seu dia de domingo, nem nesse domingo, nem em domingos.