quarta-feira, fevereiro 06, 2008

"Tenho um nome de gente na minha condição de gato. Mas antes, quando eu era gente? Aquele é o menino da casa das venezianas verdes, alguém me apontou. Vou andando e olhando o carpete branco-azulado, será que ela vomitou? Há cinza de cigarro, peças de roupa, um copo tombado, manchado de vinho mas nenhum sinal de vômito. E o cheiro pairando no ar. Espantoso o laboratório que não descansa, o vinho perfumado acaba de descer e já começa a fermentação, tudo se transforma rapidamente na química humana. Para pior."

Lygia Fagundes Telles. Fragmento de "As Horas Nuas".