quinta-feira, maio 01, 2008

.(Do imoldável)


Foto: MilenaMarília
(Do imoldável)
Se tornou água no momento que faltava quinze para as três.
Que não brotava nada ainda de suas cabeça, não se saía casulos de seus fios de cabelo. Saía os últimos raios de sol no final do entardecer.
O tempo consolidou cada vez mais o imoldável. A água. Inodora, incolor, insípida.
Ponto de evaporação. Ponto de condensação.
- Teu olhar me condensou.
- Apenas porque o teu me evaporou.
Não temos tempo. Tempo? Porra, caralho de relativo tempo?
O tempo imóldavel saía agora de sua cabeça. Não podia esperar as horas para o amanhecer, e muito menos que fosse três e três e três da manhã. Número é só uma idéia, nem existe afinal.
É dificil viver assim, no que não existe, no que não se molda, no porvir do anoitecer, já que o sol se pôs.
- Gosto assim porque teu vestido fica da cor dos teus olhos.
- Mora comigo?
Do medo fez-se vento. Que agora soprava na minha cara. Interferência solar, ondas de microondas e um barco no alto teto do prédio de vinte andares. De madeira deslizava por suas mão o remo também. No momento em que as lembranças de estarem sobre aquelas águas um pouco verdes é verdade; (também refletia nos teus olhos) de vida.
Com a respiração mais profunda deslizando nos casulos meus - de cabelos - se tornou borboleta. Moldada, por vinte e quatro horas. Agora um recipiente, verde, pra por favor, moldar a água dos teus olhos. Porque vi cair.
- Nessa vida?
- Agora.

1 Comments:

Blogger Aires said...

Rolou identificação, e meus olhos se encheram de lágrimas.

:/

Bjs.

12:44 AM  

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