quinta-feira, março 27, 2008

.scd.


Foto: Milena Marília
Pucallpa-Peru...ou ainda, qualquer mundo dos sonhos de luzes.
É ela que me leva pro céu - pensou.
Dormiu cansada. Dias cheios, trabalhos, caminhadas, atravessias, ares. Voares.
Sempre quis voar, desde pequena. Seguindo esse sentimento de céu, de nuvens, azul e escuro que decidiu fazer o curso para ser aeromoça. 6 meses, nada mais. Seria a menos competente a terminar o curso e escalada para fazer as piores linhas aéres em aviões pequenos com no máximo dois motores.
Não tem importância - pensou.
Ao chegar em casa, se deparou com uma escada, enorme. Morava nunca casa com pé direito duplo, de madeira, com mezanino e um espaço feito loft embaixo.
Escadas são para limpar o teto alto - falou. Falou pra si mesma. Falava muito as vezes.
Entrou, subiu.
Num sonho do outro dia, da segunda, de lunes...o dia da lua, ou seria o dia de mercúrio.
"Coma-me, Beba-me", e mal teve tempo de ver o coelho que apressado e olhando o relógio subia as escadas que agora não tinha teto. O coelho era um anjo? O coelho era uma referência. De que estava sonhando? Não, não...o coelho era algum desses que leva pro céu.
...
Ao entrar sorrateira em sua casa deparou-se com uma escada. Enorme. Alta que levava pro céu. Apenas estava confusa, atordoada e havia acabado de acordar (?). Tinha muitos degraus. Das cores haviam sinais de "me coma no verde" e "me beba no azul"...no branco não havia nada, apenas o coelho sentado balançando as perninhas no mesmo ritmo de seu relógio.
...
Não havia mais muito que se fazer mesmo. Voltou correndo, estava saindo do avião, depois de subi e descer em 5 escalas diferentes. Corria. Se um jeito tivesse que ser dado, seria correr, não mais voar. O céu estava escuro, azul muito escuro e já não estava mais nesse avião. Segurou com força o chaveiro de coelho branco que carrega as chaves para a porta de sua casa. Corria.
Em destino, em trânsito, parou, olhou em frente. Uma escada lhe surgia toda torta toda alta toda verde azul branco e vermelho.
Perplexa diante da cena. Deixou o subconsciente agir nas cores que deviam levar em algum lugar.
A mim, prefiro a escuridão - pensou. Não me cabe tanta claridade, o lado direito, a melhor visualização do olho humano diante da imagem realçada, das cores de matiz, brilho e saturação penetrando na minha retina. Tampouco falo de escuro literário. Falo de escuro da escada que não me diz aonde vou parar, que ao menos me leva esse coelho que seguro.
Caí por um momento. As chaves caem. Caem no verde, na parte verde...não não, não dos olhos, verde da escada.
Nesse momento não me levanto.
Escadas são para limpar o teto. Em sonhos as escadas são para os coelhos me levarem pro azul claro.
(Lembrei dos teus olhos. Olhos teus agora não mais nos verdes do meu, mas vi que estavam atrás do azul escuro, lá no fundo...perdido...talvez próximo do branco.)
Continuei a seguir o meu chaveiro que ainda caía. Caiu no terceiro degrau, no verde.
A mim, prefiro a escuridão de não saber onde me leva a esquerda, a direita, a escada. Mas que ela seja pra cima, pro azul, em qualquer tonalidade.

4 Comments:

Anonymous Anônimo said...

...mana...sonhei que pensavas em mim...acordei e li isso...sinto que também estou ai em algumas entrelinhas...

...te cuida sempre menina linda...

xero

7:48 AM  
Blogger Lyra said...

Adoro a forma como escreves e adorei este texto!

;O)

10:56 AM  
Anonymous Anônimo said...

...azul escuro é linha do horizonte...e horizonte é ponto de fuga...e ponto de fuga é saudade...como um binóculo....bacana existir horizonte né? principalmente quando não dá pra sentir o cheiro de leite com café, pela manhã...mas relaxe...tu logo voltas...e corres atrás das pulsões...das intensidades...do calor de radiação solar próxima demais...dos rastros brancos pela sensibilidade epitelial esquiva...e do barulho abafado por plumas ou espumas do extremo oriente....bem vinda à distância, do que quer que seja, de quem quer que seja....esse lugar é imundo mas colorido...

12:13 PM  
Blogger Clara Mazini said...

Para cima. Essa também costuma ser a minha direção. Adoro o infinito.
Obrigada pela visita. Adorei os detalhes do texto. Sobre as fotos, algumas são minhas, sim.

Um beijo.

5:44 PM  

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