segunda-feira, março 31, 2008

.gr.

Foto: Milena Marília

"Aquilo que não havia, existia."
Guimarães Rosa.

.sin.


Foto: Milena Marília
Ao se encaminhar sobre as várias tonalidades de cinza, se deu conta do que poderia emoldurar. Com cores. Haviam microfones para o céu, sempre solícito, de forma diária. As vezes mais, as vezes de menos. Mas sempre as vezes.
Eu te chamo e tento te fazer aproximar. Mas conspiras e és volátil como nuvens aparentemente pregadas num céu efêmero. Os pequenos (e antes) (e depois) segundos que passas, e não voltas.
E eu ainda aqui parado. Sem essas nuvens.
...

domingo, março 30, 2008

.venha ver o pôr-do-sol.

Foto: Milena Marília
Pucallpa-Peru
Março-2008

Venha ver o pôr-do-sol (fragmentos, apenas...)
- Tás vendo alí atrás?
- Si.
- Então, não te disse que estava lá?
- Allá? Estoy a ver...pero, no es como pensava.
- Claro que é! Põe os óculos então.
- Ahora si.
...
Depois.
...
- É lá no fundo, agora sim vistes?
- Si, pero todavia no me recordo de eso antes.
- Mas sempre esteve, desde a primeira vez, tenho certeza, estava alí. Lá.
- Está bien. Si tus ojos miran, yo creo.
...
Antes.
...
- Ahora son 4hrs, de la madrugada.
- Sim, é nessa hora que se trasforma. Tens que ficar olhando com muita atenção.
- Amarilo, azul cielo, rojo...
...
Durante.
...
Os sóis.

sábado, março 29, 2008

.la noche.





Fotos: Milena Marília
Pucallpa-Peru
Março-2008.
En la noche Pucallpina...
a través de la ventana...


sexta-feira, março 28, 2008

.sense (no).

Foto: Milena Marília


Para que se cumpra as luzes. As passagens. Os dias. E as viagens.
- Pega um prato, senta aí!
- Não, hoje não é um dia pra comer ao vento.
- Então deixa pelo menos o vermelho fazer parte.
- Melhor não.

quinta-feira, março 27, 2008

.scd.


Foto: Milena Marília
Pucallpa-Peru...ou ainda, qualquer mundo dos sonhos de luzes.
É ela que me leva pro céu - pensou.
Dormiu cansada. Dias cheios, trabalhos, caminhadas, atravessias, ares. Voares.
Sempre quis voar, desde pequena. Seguindo esse sentimento de céu, de nuvens, azul e escuro que decidiu fazer o curso para ser aeromoça. 6 meses, nada mais. Seria a menos competente a terminar o curso e escalada para fazer as piores linhas aéres em aviões pequenos com no máximo dois motores.
Não tem importância - pensou.
Ao chegar em casa, se deparou com uma escada, enorme. Morava nunca casa com pé direito duplo, de madeira, com mezanino e um espaço feito loft embaixo.
Escadas são para limpar o teto alto - falou. Falou pra si mesma. Falava muito as vezes.
Entrou, subiu.
Num sonho do outro dia, da segunda, de lunes...o dia da lua, ou seria o dia de mercúrio.
"Coma-me, Beba-me", e mal teve tempo de ver o coelho que apressado e olhando o relógio subia as escadas que agora não tinha teto. O coelho era um anjo? O coelho era uma referência. De que estava sonhando? Não, não...o coelho era algum desses que leva pro céu.
...
Ao entrar sorrateira em sua casa deparou-se com uma escada. Enorme. Alta que levava pro céu. Apenas estava confusa, atordoada e havia acabado de acordar (?). Tinha muitos degraus. Das cores haviam sinais de "me coma no verde" e "me beba no azul"...no branco não havia nada, apenas o coelho sentado balançando as perninhas no mesmo ritmo de seu relógio.
...
Não havia mais muito que se fazer mesmo. Voltou correndo, estava saindo do avião, depois de subi e descer em 5 escalas diferentes. Corria. Se um jeito tivesse que ser dado, seria correr, não mais voar. O céu estava escuro, azul muito escuro e já não estava mais nesse avião. Segurou com força o chaveiro de coelho branco que carrega as chaves para a porta de sua casa. Corria.
Em destino, em trânsito, parou, olhou em frente. Uma escada lhe surgia toda torta toda alta toda verde azul branco e vermelho.
Perplexa diante da cena. Deixou o subconsciente agir nas cores que deviam levar em algum lugar.
A mim, prefiro a escuridão - pensou. Não me cabe tanta claridade, o lado direito, a melhor visualização do olho humano diante da imagem realçada, das cores de matiz, brilho e saturação penetrando na minha retina. Tampouco falo de escuro literário. Falo de escuro da escada que não me diz aonde vou parar, que ao menos me leva esse coelho que seguro.
Caí por um momento. As chaves caem. Caem no verde, na parte verde...não não, não dos olhos, verde da escada.
Nesse momento não me levanto.
Escadas são para limpar o teto. Em sonhos as escadas são para os coelhos me levarem pro azul claro.
(Lembrei dos teus olhos. Olhos teus agora não mais nos verdes do meu, mas vi que estavam atrás do azul escuro, lá no fundo...perdido...talvez próximo do branco.)
Continuei a seguir o meu chaveiro que ainda caía. Caiu no terceiro degrau, no verde.
A mim, prefiro a escuridão de não saber onde me leva a esquerda, a direita, a escada. Mas que ela seja pra cima, pro azul, em qualquer tonalidade.

.el fotolog.

Foto: Milena Marília, vulgo, yo

momento, minha cara, minha cara suada, borrada, pero no borracha, todavia no.

Yo no tengo nada aca. Mas un poco de mi, ya está cerca de no regressar. Siempre se queda, de alguna manera.

quarta-feira, março 26, 2008

.mais concreto.

Foto: Milena Marília
Pucallpa-Peru
Março-2008

Nos entreados de concreto, estava lá.
No cinza, no escuro do cinza.
Sobrevivente, suicida. Do alto podia ver os últimos raios que ainda surgiam por tras da caixa-d'agua. Engraçado colocar água numa caixa. Como se pudesse assim, moldar, modelar, guardar, reservar, usar com cautela.
Na verdade não havia mais onde guardar, o pouco que restava do muito que estava encravado.
Decidiu naquela tarde, se jogar. Da tarde. Se jogou da tarde que estava.
Descalçou os sapatos, piscou pra aquela que lhe fez companhia, olhou para o cachorro branquinho que passou pela rua, pra senhora sentada na esquina, pro rapaz que beijou a moça na calçada, e pra igreja ao fundo ressuscitada.
Caminhou então. Sacou dela as últimas pétalas. Soprou a última formiga. Abaixou a cabeça que segurava seu corpo a muito machucado, a muito pertubado, a muito esfacelado. E em num ato atlético com duplo carpado segurou na viga de ferro que segurava o concreto.

terça-feira, março 25, 2008

.


Foto: Milena Marília
Pucallpa-Peru
Março-2008
Passa rápido.
Tudo rápido.
A referência, é sempre um lugar parado. Num cantinho.

.

Foto: Milena Marília

Pucallpa-Peru
Março-2008

domingo, março 23, 2008

.4o. motivo da rosa.

Foto: Milena Marília
Pucallpa-Peru


4o. Motivo da rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:

também é ser, deixar de ser assim.

Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.

Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.

E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.

Cecília Meireles

quinta-feira, março 20, 2008

.dos caminhos.

Foto: Milena Marília

Das coisa que mais sinto falta, foi do não lido que está em minha estante. Não lido na esperança de encontrar aqui o outro lado das letras. O tão sonoro e escorregadio fonético dessas palavras que não conheço.
Aventurar-se pelo caminho de chão. É apenas o desafio de não escolher que chão percorrer, contudo caminhar no que vier, seguindo a bússula, a orientação, de onde ela venha, de dentro, de fora.
No fundo do lago uma flor, desse flor que tem sede, dessa sede que tem pântano e desse pântano que tem lago, desse lago, lago onde caio, lago do caio. Porque apenas e antigamente guirlandas sobre o poço, me sento, me escoro, oro.
As guirlandas da minha cabeça são de agora. Estão acá, comigo.
Ótimo poder registrar, ótimo poder acordar acordar de manhã e me encaminhar não apenas pro que supostamente é minha remuneração. Caminhar pra alí, caminhar pra lá, caminhar pra cá.
Meus pés mesmo quando estão inchados ou cansados, caminham. Aprederam a serem autônomos de mim, eu lhes oriento apenas.
Gosto assim. E continuo a caminhar. Com muito bom humor e fotos a tirar.

quarta-feira, março 19, 2008

.yo y yo.


Foto: Milena Marília
Iquitos-Peru
Março-2008.
Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém que o que mais queremos é tirar esta pessoa de nossos sonhos e abraçá-la. Sonhe com aquilo que você quiser. Vá para onde você queira ir. Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só temos uma chance de fazer aquilo que queremos. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar, duram uma eternidade. A vida não é de se brincar porque em pleno dia se morre.
Clarice Linspector.

.Las fronteras.



Fotos: Milena Marília
Letícia - Colômbia
Março - 2008

domingo, março 16, 2008

.las fronteras.


Foto: Milena Marília
Pôr-do-sol no Rio Solimões.
Tabatinga-Brasil
Março-2008.
As fronteiras são de dentro pra fora.

quinta-feira, março 06, 2008

.(I)Em-Concreto.








(Algumas)Ensaio (I)Em-Concreto

Fotos: Milena Marília
Modelo: Manuzinha Ferraz.

Desde o concreto que me tornei, ainda não tinha me dado conta do que sustento. Estou aqui, em hastes que florem, que florescem.Cada pétala foi modelada com meu pó inalado.
Da dança, o círculo de fitas.
Das fitas, os cachos que dançam.
Do círculo, as flores de concreto.
As flores artificais de concreto, I(em)-concreto, tentando, sensibilidade.
[tentando voltar a fotografar, não sou muito chegada em pessoas como tema, mas me esforço, as vezes, quando há ideias (i)em-concreto]


quarta-feira, março 05, 2008

.e quando pára de piscar?, vira hipótese.


[Fotos: Milena Marília]

Como se acordar fosse simplesmente piscar. Piscar, acordar.
Hipóteses? várias. E no café? Caos, dois cubos, por favor!
Não adianta. Piscar. É tudo um piscar de olhos. Olhos de reflexos. Reflexos de flores. Reflexos de espelhos, em que deixo meus livros, meus discos e meus versos de rimas pobres.
Se escrever, vai andando. Não pára, nem ao piscar. A perca da palavra talvez seja a perca do breve momento. O dos olhos. Da iluminação subexposta, do espelho de Alice quando pede dois cubos de piscadas em seu café.

E como, (bom dia), recebo, recheio de Clarice nas unidades (1,0000,1,0,1,00000).
Grata.

SEGUIR A FORÇA MAIOR
"É determinisno, sim. Mas seguindo o próprio determinismo é que se é livre. Prisão seria um destino que não fosse o próprio. Há uma grande liberdade em se ter um destino. Este é o nosso livre-arbítrio".

Clarisse Lispector - Aprendendo a Viver

sábado, março 01, 2008

.bring on the dancing horses.

[Foto: Milena Marília]

BRING ON THE DANCING HORSES

Jimmy brown
Made of stone
Charlie clown
No way home
Bring on the dancing horses
Headless and all alone
Shiver and say the words
Of every lie you've heard
First i'm gonna make it
Then i'm gonna break it
Till it falls apart
Hating all the faking
And shaking while i'm breaking
Your brittle heart
Billy stands
All alone
Sinking sand
Skin and bone
Bring on the dancing horses
Wherever they may roam
Shiver and say the words
Of every lie you've heard
First i'm gonna make it
Then i'm gonna break it
Till it falls apart
Hating all the faking
And shaking while i'm breaking
Your brittle heart
Brittle heart
Brittle heart
Brittle heart
And my little heart
GoesJimmy brown
Made of stone
Charlie clown
No way home
Bring on the headless horses
Wherever they may roam
Shiver and say the words
Of every lie you've heard
First i'm gonna make it
Then i'm gonna break it
Till it falls apart
Hating all the faking
And shaking while you're breaking
My brittle heart
Brittle heart
Brittle heart
And our little heart
GoesBring on the new messiah
Wherever he may roam
Bring on the new messiah
Wherever he may roam
Bring on the new messiah
Wherever he may roam
Bring on the new messiah
Wherever he may roam

Echo & The Bunnymen