quarta-feira, abril 30, 2008

...

Foto: Milena Marília


Não se preucupe...
Um dia chega,
Um dia vem,
Um dia se tem.
Energia.
Força.
Vibração.
Positividade.
Yogurt de morango.
Sorvete de camu-camu.
Palavras mal ditas.
Lindos pôr-dos-sois.
Grito.
Sorriso.
Gesto.
Carinhos.
Flores.
Abraços.
Água.
Cerveja.
Saudade.
Momento.

terça-feira, abril 29, 2008

.nos poços.

Foto: MilenaMarília

en la noche cualquier dia comun...

Nos Poços

Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê.

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, abril 28, 2008

Foto: Milena Marília

may the road, rise with you...

domingo, abril 27, 2008

.C.U.M.B.I.A.

Foto: Ricardo Maldonado

A bailar yo y Javi.

Motor y Motivo

Luz de mis ojos
aire que respiro
eres en mi vida
Motor y motivo ayer tan lejana hoy tan dentro mio
solo con mirarte
me has hecho cautivo
ocupas mi mente un noventa porciento
tu nombre pronuncio
muero por tus besos
me emocionaste
mi mundo es sereno
te has adueñado de mis sentimientos
hay como has hecho para que te quiera
dependo de ti
como planta la tierra
sin mover un dedo
me has hecho adorarte
ha primera vista
me enamoraste
te regalo mi vida
mi carino sincero
mi alma, mis suenos
y todo lo que quiero
y no me cansa dercirte
te amo
le grito al mundo
te amo, te amo


Grupo 5

andando pelo mundo...

Foto: Milena Marília
Ducha del Diablo - Aguaytia - Perú

Eu não sei pra onde a gente vai andando pelo mundo...
Vanessa da Mata



Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui. Ontem, eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é.

Fernanda Mello

sábado, abril 26, 2008


Foto: Milena Marília

Vamos ao Rio Ucayali...

sexta-feira, abril 25, 2008

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Foto: Milena Marília
A última coisa que lembro de ouvir foi seu silêncio. Que me ensurdecia cada vez mais que meus pés se aproximavam da porta. Nada mais fazia o barulho costumeiro - nem o vaso da estante, nem os insetos na janela, nem o copo sujo de leite. A cada momento que se aproximou a última pisada foi que olhei pra ti e vi o primeiro beijo roubado na calçada, a nesga de sorvete caída na tua blusa amarela naquele dia de verão, o abraço apertado enquanto eu chorava, a lata vazia de areias na praia, o cheiro de manteiga na tua boca bem cedo, as flores que deixastes no banheiro, as cartas incrustadas em meus cadernos...
A primeira coisa que me lembrei hoje foi do esquecimento.

quinta-feira, abril 24, 2008


Foto: Milena Marília
Supe que de algun lejano rincón...

quarta-feira, abril 23, 2008

Foto: Milena Marília

E no fundo do poço você vai encontrar quê...

terça-feira, abril 22, 2008

.as diarices sem fim.


Foto: Milena Marília
Agora vai!
Pega tua mala, enche de doçura e desconfiança. A pressa é lugar que não mais existe porque não há destino, não há tempo. Há o desconhecido do dia-a-dia, o cheiro de cada manhã que te promete, se deixas que te prometas, o que cada raio: quando bate nas poeiras que ta acordam quando te fazem espirrar três vezes - te tenta dizer.
No café procurei colocar nada mais doce do que o doce que já espero, mesmo que esse seja amargo quando não quero. A única maneira, dia-a-dia repito.
Já ouvi "não faça nada fazendo tudo". Já não ouvi mais, então, a televisão ligada, nem mesmo a máquina de lavar batendo roupa. Me desligei.
Meu telefone tocou. As vezes um pouco de lembrança faz nosso dia ser melhor, mais sorridente.
Chegei, não há ninguém. As vezes pouco de esquecimento te mostra o mundo que não esperas encontrar, nas palavras, nas sombras, nas ruas.
Notas de diarices me acompanham como se fossem nada. Mais não me saem, não saem de mim. Das quinhentas e setenta e cinco pedras que contei hoje, haviam três flores pelo chão. Pouca vida em meio de tanto meio inorgânico, mas não com menos vida. Vida em todo canto, vida em meu canto do banheiro, na laje quando vejo os carros que passam, ou no relógio tic-tac que me acorda, me traz de volta e me manda de novo pro chuveiro pra dizer que tenho que tomar café, escovar os dentes, e me permitir, sempre, todas as manhãs possiveis que se possa viver. Todas.

segunda-feira, abril 21, 2008

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Foto: Milena Marília

Parque Natural de Pucallpa

Vida e Morte.

sábado, abril 19, 2008

.la chica solo sabado.



Fotos: Milena Marília
Parque Natural de Pucallpa
Abril - 2008
Receita para se chegar ao parque.
Deixe-a sozinha numa tarde ensolarada, onde se tem que trabalhar.
Lave roupa meio-dia.
Tome banho e vá almoçar.
Volte, tente telefonar, não consiga.
Tome outro banho de tanto calor que faz.
Decida e vá visitar o Parque Natural de Pucallpa, porque ao contrário do que os pucallpinos dizem, é um lugar muito bonito.

.O lento sorriso, o efêmero alface.

Foto: Milena Marília
Tabatinga-Brasil-Março-2008


Passa tudo tão lento agora. Os concretos estão escorrendo ao mesmo tempo que vejo as janelas, as casas, as janelas das casas, as senhoras nas janelas das casas, os netos das senhoras nas janelas das casas.

Uma saia então. Somente uma saia que caminha, percorre, se movimenta e a cada passo de concreto mais se dilui nos passos que lhe levam de volta.

Mais concreto. Foi ver o rio antes, para tentar amolecer. Já se acostumou. Se acostumbrou. Nem sempre é fácil, tem que sangrar as vezes. Se repete, a vezes. As vezes.

De companhias, músicas (?). Não entende essa angústia. Não há. Há dedos, nós, cervejas e doces.

Foi quando me pedistes pra passar um tempo mais, um pouco mais. Há mais.

Eu aceitei. De boba, de esperançosa, de inquieta, e impaciente.

Sentamos então. Palavras, palavras, palvras. Lembrei de fala, fala, fala pelas ruas da cidade com igrejas pela rua, lata de coca-cola onde a sujeira estava inerente e ausente.

Mas sem mofos dessa vez, sem sujeira, sem essa merda de seu sorriso.

Foi isso que fudeu, acho. Seu sorriso. Especificamente o resto de alface que estava preso entre o canino e o dente do lado que não lembro o nome. No momento que sorristes com algo, nem assim tão engraçado, que eu te disse.

Inversão, subversão. Cinema, cotidiano e televisão. Detalhes banais de vida rotineira. Detalhes sórdidos de vida em dias que não se sabe bem ao certo onde se está indo ou se chega.

Detalhes...

E sempre lembro que "detalhes tão pequenos de nós dois"; era essa bosta de música que tava tocando; o alface no seu dente por algo não tão engraçado que eu disse; e minha vontade desesperada de não querer mais que passe lento.

Passos rápidos, em lentidão. O lento sorriso, o efêmero alface.

sexta-feira, abril 18, 2008

.do dia-a-dia.

Foto: Milena Marília

Acordou pra ler o jornal, comeu a maçã do dia, soube das notícias econômicas, políticas, sociais e violentas do seu país, do país de todos os outros apenas o que está na página principal. Com sorte o dólar operará em alta, não haverá mortos nas estradas, a preucupação com o PAC continuará e se espera que o dinheiro milagrosamente não seja desviado - sendo que todas essas preucupações, do governo, da economia. O-que-comer-hoje preucupação de alguém na baixada. De-que-forma-e-que-horas-vou-assaltar-hoje preucupação crescente em muitas ruas por todo lado. Quem se preucupa com o quê, de que forma?
Na noite lembrou do quanto ainda tem que aprender, talvez essa fosse a preucupação egoísta, e por isso inicou mais uma vez, somente que nesse mês corrente, a corrida por coisas que se deve saber.
Até que é bom! Porque cansa a mente, e se dorme mais tranquilo. Rende risadas, preucupações e compreensão de sua própria companhia.

quinta-feira, abril 17, 2008

.sunset-lluvias.

Foto: Milena Marília

Lluvia en la tarde de Yarinacocha...
Yarina - Ucayali - Perú

...
E mesmo sem querer continuava com a estranha preucupação de que as coisas devem ser ditas. Pois que não seja - pensava relutante contra si mesma.
Durante o momento de não-dizer o que se quer, de dizer o que não se quer, e nunca calar.
Nunca é doce, nem fel.
O amargo das palavras doía a cada fonética diccionada por sua língua, dentes, boca e cordas vocais.
Por dizer, foi que não fez.
E o que fez, acabou dizendo.
Perdeu o silêncio. Talvez mais que isso.

quarta-feira, abril 16, 2008

.San Francisco.


Fotos: Milena Marília


San Francisco - Ucayali - Perú


Se for pra chorar, chora.
Se for pra correr, corra.
Se for pra enloquecer, enloqueça.
As vezes um olhar te salva, para que não chores, não corras e não enlouqueça.

.....a contar pedrinhas pelo chão......

terça-feira, abril 15, 2008

.as vezes.

Foto: Milena Marília

Puerto Fimerza - Ucayali - Perú

Por situações como essa, eu o amava. E o amo ainda, quem sabe mesmo agora, quem sabe mesmo sem saber direito o significado exato dessa palavra seca - amor. Se não o tempo todo, pelo menos quando lembro de momentos assim. Infelizmente, raros. A aspereza e o avesso
parecem ser mais constantes na natureza dos dragões do que a leveza e o direito. Mas queria falar de antes do cheiro. Havia outros sinais, já disse. Vagos, todos eles.


Caio Fernando Abreu
fragmento de "os dragões não conhecem o paraíso"

sexta-feira, abril 11, 2008

Nós rimos alto, bebemos e falamos palavrão.

quinta-feira, abril 10, 2008

Foto: Milena Marília
Abril-2008
Yarinacocha-Pucallpa-Perú

Se tudo pode acontecer, que aconteça ou não, mas que sempre possa.

terça-feira, abril 08, 2008

.cerbeza.



Fotos: Milena
Chicharon de pescado con cerbeza San Juan. Si hace 37C, la mejor cosa a se hacer.

segunda-feira, abril 07, 2008


Foto: Milena Marília
Abril-2008
Pôr-do-sol em Yarinacocha.
Meandro abandonado do Rio Ucayali, e hoje lago.

domingo, abril 06, 2008

prazeres imediatos por 5 soles...

sábado, abril 05, 2008

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Fotos: Milena Marília
Tu já olhou pro mundo hoje e viu quantas flores ainda não viu?
Quantos céus ainda não passaram pela teu retina, em cores de pôr-do-sol?
Quantas ruas não foram caminhadas?
Rodas gigantes?
Meandros abandonados?
Cordilheiras escaladas?

sexta-feira, abril 04, 2008

.las flores, secas.


Foto: Milena Marília
De tanto trabalhar hoje coletando as pedrinhas, as folhinhas, as areinhas, as coisinhas que preciso, estou cansada. Dia, almoço, tarde, sorvete, noite, cerveja? Mas formigas não bebem mais que água empoçada. Formigas como eu, da cordilheira. As da cidade ainda tem sorte de vez em quando com algum teor alcoolico pelas calçadas sujas de lixo, lama e coisas jogadas.
Que sea. Que sea dulce?, já dizia...mas formigas não lêem. Trabalham de manhã, de tarde e de noite.
Día viernes. Sin. alguna cosa.
Que sea.
...
Quando na verdade eu espero pacientemente pela melhor fonética que me faz sorrir. Esse sorriso duro, azul escuro. Enquanto deslizo as notas pelos meus dedos, espero pelo perfume que vem do melhor canto das sinapses. Que é quando lembro. Sem algo específico, sem algo notório e até mesmo sem algo algum.
Palavras, as vezes cansam, as vezes se cansam de mim, e me canso delas, mas não consigo deixa-las, não quero abandona-las. Não vou.
...
(Pensando estava pensado,
por la ventana de aquel bar
mirando la gente afuera
a ir y venir
y juraría que te vi...)
... Mi prof de español..gracias..

quinta-feira, abril 03, 2008

.la edad del cielo.

Foto: Milena Marília

La edad del cielo

No somos más
que una gota de luz,
una estrella fugaz,
una chispa, tan sólo,
en la edad del cielo.

No somos lo
que quisiéramos ser,
solo un breve latiren
un silencio antiguo
con la edad del cielo.

Calma,todo está en calma,
deja que el beso dure,
deja que el tiempo cure,
deja que el alma
tenga la misma edad
que la edad del cielo.

No somos más
que un puñado de mar,
una broma de Dios,
un capricho del Sol
del jardín del cielo.

No damos pie
entre tanto tic tac,
entre tanto Big Bang,
sólo un grano de sal
en el mar del cielo.

Jorge Drexler

quarta-feira, abril 02, 2008

.velocidade, 30.

Foto: Milena Marília

Contava as pedrinhas calmamente. A cada passo uma nova descoberta, uma nova forma, uma nova cor. Odeia o irreal. Sempre por toda sua vida de velocidade se depara com isso. Pessoas aparentes, roupas aparentes, costumes aparentes, cores aparentes. Nem nos olhos conseguia ver verdade. Nem nisso. Mas mesmo assim continuava a contar suas pedras, coloridas, pareciam reais do modo que seus pés lentamente passeam sobre cada ângulo bem moldado, bem feito, arredondado. Escuras-listradas, brancas-boleadas, cinzas-pintadas, vermelhas-achatadas.
Não ousava escolher uma para levar consigo.
Seus pés que a levavam sobre as pedras, dançavam todo tempo cambalentes e equilibristas para não cair, para se fazer em frente naquela estrada distante.
Foi no dia que pegou suas coisas, subiu na caixa d'agua, levando as pedras que tinha apanhado na estradinha, uma vez quando dormia.
Difícil dizer alguma palavra premeditada para sempre, definitiva. Difícil ser real num mundo aparente. Sobretudo em dias sós em estradas de terras com pedras coloridas sobre os pés. No dia que se colocou a bolsa no ombro esquerdo, fazendo dois pontos na vida. Como se fosse dizer algo, sem travassão. Fluxo de consciência, seria isso? não não, monólogo interior, talvez. Quando na verdade, são os caminhos lentos de pedras coloridas passando em pouca velocidade olhando essas cores que eu gostaria que fossem; reais.

terça-feira, abril 01, 2008

.cielo de Belém.

Foto: Milena Marília
Belém-Pará-Março-2008

Insônia.
Mas ao despertar de nem ter dormido me deparo com as cores que me carregam ao banheiro e depois do primeiro e distante gole de café brasileiro, me carrega na bagagem rumo ao oeste, das Américas Latinas.
E como diz uma banda paraense:
"Alca ao caralho latino américa livre".
Coisa de Niguém.

Definitivamente,
um bom dia para partir.